Vivo pelas manhãs ainda envolto à brisa torpe das madrugdas de embriaguez da alma. Ando pelas ruas iluminadas pelo sol voraz do dia novo, ruas cinzas - sempre cinzas - para os meus olhos. Com a visão turva observo todas as nuances de vidas outras que me cruzam o caminho.
O trem de ferro que corta a cidade baixa central atravessa e atrasa a toda a gente de obrigações diurnas.
Em cada olhar percebo uma alteração, um reflexo distorcido da minha e de tantas outra almas; alguns reflexos iluminados como a rua do dia novo; alguns outros alheios a tudo; reflexos obtusos da gente que se atrasa à passagem do trem, da gente que faz troça de observadores do mundo e os oculta; reflexos vis de toda a gente incapaz de aperceber a incoerência da própria existência.
Sobressai-se por vezes olhares soturnos carregados da angústia inconsciente do mundo a esvair-se.
Um belo texto descritivo
ResponderExcluirE viva a socidade de massas, meu caro!
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