quinta-feira, 26 de junho de 2008

Amaldiçoo a atribulação diária que me estorva o espírito e me impede o sono enquanto é noite. Gozo pesaroso os quinze minutos que me permito dormitar com demasiado desconforto durante o dia.
Amaldiçoo mas não detesto nem desejo apartar-me a isso. O cansaço e a cefaléia interminável me impulsionam a mais cansaço e mais dor; e o esgotamento me impede de sentir e permite ignorar a tudo impetuosamente.
Oiço bem, entretanto, o som da minha derrota. Oiço não externamente, oiço com a sensibilidade minha que não há.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Tenho sono da vida mas não durmo, vivo sonâmbulo, vivo.
Respiro sempre os pesares da insônia involuntária, mórbida.

Durante o dia sou outro, sou comum; o sol queima e me cega os olhos da alma. Durante a noite não sou senão o sonho que nunca existiu. Protelo a vida onírica que nunca existirá.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

À Resignação

Vê o grande espetáculo etéreo da humanidade? Vê?
Sê, conquanto digno, parte importante disto – e daquilo que não é humanidade.

Não sou digno nem posso ver, entrevejo porém a lápide crespa que sobressalta-se acima de tudo. Mas não quero ver, nem entrever, nem ser digno; quero aspirar a tudo apenas.
À Resignação!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A coisa fria que me congela e destrói. "Be still, my spirit!"

A obrigação de ser, obrigação de haver. Se somente há. Sói ser superior a tudo, dói como a tudo existir. Inquieto-me e sou. Inquieto, não consigo ser. Se comum a todos há, comum a todos serei.