quinta-feira, 27 de maio de 2010

Descartes e o método

Que fique claro, antes de dar início à escrita, que não intento com ela subverter qualquer comportamento de quem porventura a leia, tanto quanto não concluo o meu como digno de ser aceito singular e superior a outro (é apenas meu, nada mais). Intento sim, unicamente, expor algumas observações e conclusões acerca dessas observações. E se escolhi exprimi-las usando o sujeito na primeira pessoa, faço por preguiça de criar uma personalidade nova e por despudor em usar a minha própria.

É recorrente ressaltar que, na juventude que desfruto desses primaveris 24 anos, não tenho tanto conhecimento e experiência que me permita tomar qualquer corrente de pensamento como verídica e capaz de me tornar seu fiel seguidor; não me permito fazer senão o uso da verossimilhança quando impulsionado a debater. Talvez eu até poderia ter algum conhecimento específico que pudesse afirmar meu se minha criação fosse voltada a tanto; ainda assim é igualmente questionável o fato de, fosse designado a essa criação específica, eu estar ou não numa posição melhor do que essa que me encontro hoje. Tanto tenho como verdade essas afirmações em relação a minha experiência como (atrevo-me) em relação a de todos que me circundam a idade.

Para ser considerado concreto, o conhecimento deve ser acompanhado, enquanto é absorvido, por questionamentos (por simples que sejam) e reflexões acerca de sua essência e validade racional e lógica. E por acreditar que o pensamento segue esse tortuoso trilho escolhi assimilar minha existência - enquanto não alcanço uma verdade, mesmo que ínfima - ao método cartesiano. Digo com isso, sobretudo, que para alcançar meus objetivos não vou ramificar por demais os caminhos possíveis fazendo nascer vias que não tenham nascido senão da minha razão. E não aceitar como verdadeiros para mim os caminhos escolhidos por outrem - posto que não sou capaz de controlar meu cérebro para tornar verossimilhanças alheias irrelevantes depois que essas se fazem cientes.

E se torno essas observações públicas, faço para expô-las a toda sorte de divergências. Portanto, caro leitor, não se acanhe em arguir tais subterfúgios.

2 comentários:

  1. Creio que vá estar lhe fazendo muito bem essa não-ramificação

    temporariamente.

    Olhar uma linha reta seguir por muito tempo, me faz perder a noção de todo o movimento humano.

    Boa sorte Jonas! :)

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  2. Ps. (Como sempre, escrevendo intocávelmente bem.)

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