domingo, 28 de fevereiro de 2010

Um inverno novo

O chá no fogo te trouxe de volta. Mas ele nunca seria capaz de te fazer esquecer tudo que houve outrora. Não, nada poderia fazer disso um fato, ou um fardo.
As passagens continuam arquivadas na caixa antiga de lembranças, nunca visitada depois daquela tempestade. Os ouvidos ouvem mas não captam nenhuma mensagem. É sempre assim. E o veludo novo se rompe e já não se faz tão novo.
Que saudade ele estava do inverno cinza e renovador! Que saudade!
Tão ínfimo entre seus iguais que não consegue descobrir maneira saudável em se destacar. E, enfim, descobre que não existe nenhum motivo para se destacar sem causar algum prejuízo maior para si mesmo.
Pensamentos se sobrepõem, pessoas se sobrepõem e o mundo não parece ser aquele que sempre foi e a cada ano que passa isso se faz mais novo e mais surpreendente. A vida, afinal, nunca foi aquilo que se julgou ser, muito menos em um momento como esse.
O livro se abriu por vontade própria e se fez destacar a seguinte sentença "você nunca será o mesmo que foi no momento anterior a esse". E essa sentença se tornou todo o sentido da vida até completar os 80 anos joviais que agora não demonstram ter tanta aflição de proximidade do fim com que sempre houve.
Agora, aos 80, se sente revigorado e pronto para a nova vida que possa surgir no desconhecido.

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