terça-feira, 27 de setembro de 2011
O início - Antônio Cândido
"Era uma tarde cinzenta de outono, Antônio acordou disposto e leu em pouco mais de duas horas a peça As Eruditas, de Molière. Se sentindo um tanto como Tremembó adiou mais uma vez o início da escrita que tanto o afligia nos últimos meses. Tinha ideais de escrever um livro, no entanto a descrença de si e alguns outros acontecimentos pouco relevantes, que ele usava como pretexto, mantinham sua caneta inquieta quando pousada sobre o papel e qualquer rabisco julgado por ele como pedante era somente o que existia ao final de cada tentativa. No dia seguinte tomou convicção de que nunca conseguiria transpor toda a escência do tal romance que lhe surgiu e passou a tomar vida - mesmo que ainda oculta no labirinto infinito de sua mente - ..."
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